Mentiras, omissões e o resto da família inteira...

Era uma mentira atráz da outra, foram tantas que nem ele sabia mais o que era real.
De todas as formas, sobre todos os assuntos, da mais insignificante até a mais grave.
Ela já conhecia muito bem seu tom de voz ao desviar o sentido das coisas, sabia que aquela inversão dos fatos acompanhada de uma leve risadinha, uma frase do tipo ''sério mesmo'', e se fosse um pouco mais a fundo ainda teria uma do tipo ''tu é boba né'', só poderia cheirar a mentira.
Mesmo quando a verdade era esfregada na cara dele, a atitude era a mesma, negava até que não fosse provado por a+b, e ainda dizia ser apenas uma omissão.
De qualquer maneira, esse era o jeito dele, mas ela o conhecia melhor que a palma de sua mão, e ja sabia o que era e o que não era. Além de ter uma intuição apuradissima se tratando dele, ou do que fosse. Talvez ela até preferisse não ser tão intuitiva, pois enquanto não descobria que estava certa, ficava paranóica. E não poderia chegar e dizer:
- Eii, tá me mentindo que eu sei, eu senti isso ontem a noite enquanto mastigava meu jantar.
Ela não costumava falar muito sobre suas ''sensações'', mas quando falava, era ''pá-pum''. Questão de dias para as coisas acontecerem, ou serem descobertas. Algumas coisas ela tinha medo de falar, medo de saber e talvez nem quisesse.
Não era fácil, pois além de tudo enfrentava uma guerra constante entre seu coração e a razão.
Sabia que ele não era perfeito, aliás, estava muito longe disso. Mas ninguém é.
Só não sabia como conseguia ainda tem um pingo, mesmo que minúsculo de esperança, de o fazer entende-la, e ver que ela consegue tolerar os erros, tinha até esperança que ele aprendesse com eles, mas a mentira não, essa é inaceitável.
Mesmo assim era louca por ele, apenas ficava pensando como poderia ser tão maravilhoso e tão repugnante ao mesmo tempo. E também já não sabia quem era ele, no meio de tantas farsas. Mas isso talvéz nem ele soubesse.